quarta-feira, janeiro 10, 2007

O que pensarão?


3 de outubro de 2005.

Blog. O meu nasceu porque eu sempre escrevi.

Perdi muitos textos. Muitos outros eu mesmo descartei porque já não faziam mais sentido. Eu os tinha em papel. Alguns viraram arquivos de Word. Os novos já nasceram assim. Mas eu sempre os escondia. Criava uma pasta lá no que eu achava ser o subsolo do subsolo do micro, no lugar onde ninguém entraria, no escuro, breu total. As pessoas do meu cotidiano não deveriam ver. Eram coisas minhas! Até que saíram do submundo para um esconderijo na rede mundial. Eu poderia guardar tudo, os meus e outros textos que gosto, em algum lugar que não o meu micro. Outras pessoas até poderiam acessar, mas quantas seriam? Quantas me conheceriam? Então, que ficassem lá!
Não sei bem a razão, mas tenho pensado muito no meu blog. Vontade de escrever, vontade de atualizar, vontade! Alguns blogueiros querem audiência. Choram por um comentário de alguém que está sabe Deus onde e sabe Deus quem é. Alguns querem simplesmente falar de si, contar seus dias, suas aventuras, seus sucessos, suas frustrações...
Alguns querem um diário, como um daqueles com cadeado que as meninas usavam e talvez até ainda usem. Ali estarão os maiores segredos, de uma espécie semelhante à daqueles que eu escondia... Os meus nem eram segredos, mas eu queria que ninguém soubesse o que se passava na minha cabeça.

Alguns sonham em ser lidos, como escritores. No orkut há até comunidades relacionadas: pessoas que se acham escritor, pessoas que desejam publicar um livro, pessoas que querem compartilhar seus textos... Bom é descobrir que as pessoas que sabem escrever existem! Tenho encontrado muitas coisas boas, interessantes, engraçadas. Tenho ficado feliz porque eu não depositava muita confiança no futuro. A língua e a linguagem estão mudando. Cada vez encontro mais redações mal escritas. Pontuação zero. Lógica de raciocínio zero. Começo, meio e fim, então, nem se fale! Nota negativa!
Voltando ao meu espaço, que nasceu para ser um esconderijo, penso hoje de maneira diferente. Eu também quero ter audiência. Eu também quero compartilhar o que penso. Eu também quero ser escritor. Eu quero tudo! Mas não ficarei chorando por não ser reconhecido. Aliás, há muita gente melhor do que eu em idéias, em humor, em criar coisas que as outras pessoas gostam. É aí, inclusive, que vejo o quão longe estou de ter o que quero. E já nem sei se quero mais.
De qualquer maneira, continuarei escrevendo. O engraçado é que, tendo em mente que pessoas lerão, eu poupo algumas palavras, alguns pensamentos. Penso no que elas pensarão... Será que eu deveria? Ah, foda-se!

Overdose?


1º de outubro de 2005.

Eu sempre peço um x-egg, ou um x-salada, ou um x-bacon, ou um bauru, ou um misto-quente...
Ontem recebi uma sugestão: x-tudo. E que x-tudo!
Due! O que é isso?!! Na primeira ainda duvidei. Depois da segunda... É, foi a comprovação!
O Alex é da mesma opinião. Brincou que dá até para bater na parede!
(Minhas desculpas a quem ler. Talvez nada entenda...)
Ah, para justificar o título: não é overdose, não! É bom demais! Mesmo que não sobre maionese...

Aniversário


28 de setembro de 2005.

Sylas,
Eu me lembro, e nunca vou esquecer, de quando você se deitava sobre a minha barriga e meu peito. Abraçava-me, enchia-me de beijos, falava do seu amor por mim.

Meu loiro! Assim eu sempre chamei você.Você é uma alegria gigante da minha vida. Eu sempre vi você feliz, elétrico, dono de si, líder das brincadeiras... Como líder, até feria alguns amigos com palavras, coisa que eu tentei corrigir.
Eu amo você demais!
Sempre senti o seu choro. Meu peito enchia-se de uma emoção, misturada com tristeza, misturada com um "não gosto de ver você chorando". Isso valia para qualquer motivo, fosse uma discussão, uma desilusão, um machucado... Eu nunca gostei de ver você chorando. Eu sempre adorei ver você sorrindo, dando gargalhadas, pulando, subindo, me amando.
Achei que você fosse ser atleta. Habilidade você sempre teve. Tentei incentivar quando você decidiu por ginástica olímpica e fiquei frustrado quando você desistiu.
Eu sempre pensei em ser seu melhor amigo. Não só da minha parte. Eu queria que você sentisse isso, vindo de lá do fundo do seu coração. Mas quantos amigos passaram e ainda passarão pelos seus dias... Saiba que eu sempre estarei aqui, para quando você quiser e precisar.
Eu amo você demais! Meus olhos se enchem de lágrimas. Fico emocionado ao sentir e pensar esse amor, meu filho.

Parabéns pelo seu aniversário. Eu gostaria muito de estar do seu lado, bem pertinho, para poder lhe abraçar e beijar, um montão!
Chorei agora. Continuo chorando enquanto escrevo...
Eu amo você!

Foto antiga


27 de setembro de 2005.

Fotos muito antigas, preto e branco, mostram pessoas feias. É a minha impressão. Talvez a tecnologia das câmeras colaborasse, ou as técnicas de revelação, ou sei lá. Um estudioso da matéria pode dizer sobre isso melhor do que eu.
Voltando às pessoas, são sempre feias. Fico pensando se a beleza dos traços evoluiu através dos anos. Parece que o desenho das pessoas melhorou. Como se um artista é que desenhasse e se aperfeiçoasse a cada nova obra. Ou será que tudo isso não passa de uma impressão, de uma avaliação incorreta de um passado que não vivemos?
As pessoas coloridas que passam por nós a cada dia, a cada rua, a cada esquina, são mais bonitas do que as retratadas em preto e branco.
Numa sala de espera, vi uma moça que já estava indo embora. A fisionomia parece ter saído de uma foto antiga. Traços retos, pele clara. Tinha lá a sua beleza, mas antiga. Eu queria ter fotografado...

A famosa luz


27 de setembro de 2005.

O que dizem seus exames médicos?
Dia desses um amigo foi medir a pressão, o colesterol e a glicemia. Exame de rotina na empresa. Colesterol e glicemia estavam normais. A pressão... "Tenho que mandar você daqui direto para um pronto-socorro", disse o médico. "Mas eu não sinto nada, doutor! Estou ótimo!", respondeu o paciente.
Os números contradizem o que a pessoa sente. Lembrei dos meus exames. Quantos eu fiz e quantos disseram "normal" à minha saúde... Até que chegou o dia em que um médico me condenou. Já escrevi sobre isso, sobre a suposta degeneração precoce dos meus ossos. Para mim, ser condenado era péssimo, desolador, uma porrada na cara. Por outro lado pareceu-me bom. Alguém, finalmente, estava me dizendo algo sobre o que eu sentia e meus exames não demonstravam...
Necessário reagir. Necessário não se acomodar. O que eu poderia fazer para retardar o processo? Como eu poderia seguir o conselho "vá viver a sua vida"?
Converso com algumas pessoas, quando possível. Um fisioterapeuta, por exemplo, conseguiu reverter minha idéia sobre aquele tipo de tratamento. Alguns amigos recomendaram acupuntura, outros natação e hidroginástica. Resolvi fazer a acupuntura. Depois de vencido meu contrato na academia também trocarei minha musculação pela hidroginástica. Tudo para recuperar!
Hoje, consulta com acupunturista. Foi a primeira. Deu-me atenção, olhou meus últimos exames, examinou meu tornozelo e o joelho. Além de dizer que não parece artrose, e sim artrite, disse que para ambos os casos há o que fazer! Existe medicação, existe freio para que a queda seja retardada.
A famosa luz? É aquela, que dizem existir no final de cada túnel.
Fiquei mais animado. Eu, que já nem pretendia estacionar no tempo.

Emoção (sem explicação?)


26 de setembro de 2005.

Num aconchego, debaixo de edredons, a gente assiste a um filme, normalmente um drama ou romance. A Clau se derrete em lágrimas. Eu já não me emociono. Às vezes ela fala que eu sou insensível... O fato é que ela entra na história, sente como os personagens, e isso vale para as novelas também. Eu não. Eu só assisto. Para mim é ficção, coisa distante, sei lá.
Na verdade, há alguns anos, é difícil as lágrimas me assaltarem. Raras vezes meus olhos se enchem e, nessas raras vezes, não as deixo cair, rolar pelo rosto.
Ontem, domingo, fui assistir a uma apresentação do meu sobrinho. Aniversário da escola. Ele, como sempre, estava elétrico, brincando com os amigos, cada um vestindo a camisa de seu clube de futebol. Ele era o único com a camisa do Flamengo. Calção preto, meiões brancos, chuteira.
A apresentação começou ao som de Skank: "É uma partida de futebol". Eu estava ali, câmera em punho, registrando os momentos. Passou a primeira apresentação. O locutor anunciou uma repetição, agora voltados para o outro lado da quadra para que os outros pais também pudessem fotografar. Como aprendi a ser folgado e simplesmente ir entrando nos cantos para fotografar e filmar, saí de onde estava e fui lá para o outro lado. Comecei a clicar. De repente, emoção. Meus olhos marejaram, meu peito sentiu um disparo nas palpitações. Eu quase chorei. Por que? Não encontrei explicação...
Confessei o ocorrido à Clau, depois. Ela não entendeu. Por que eu nunca havia me emocionado numa festa da escola das crianças? Eu não sei! Não sei explicar! Nem com meus filhos também!Pensei que talvez fosse pelo uniforme rubro-negro. Talvez porque meu irmão tenha sido também um pouco meu filho (mas essa é uma outra história). Talvez porque aquele menino, ligado sempre em alta voltagem, me rejeitara alguns anos antes e agora me demonstra carinho. Não sei, mas foi uma emoção boa de se sentir.
Fica registrado.

Mídia alternativa


23 de setembro de 2005.

Centro de São Paulo, ou quase. No caminho de onde estou até a praça da Sé, um paredão de prostitutas. Comum em vários cantos da cidade... Este é apenas mais um.
Telefones públicos. Muitos são maltratados. Outros, agora, são mídia! Para quem não está familiarizado com a expressão, mídia é um veículo de comunicação.
Se há, por aqui, o paredão de moças, deve haver público-alvo. Se assim não fosse, o negócio iria à falência. Se há o público-alvo, por que não usar uma mídia alternativa? Orelhão!
Aos estudantes de Publicidade: telefone público também é mídia! Você tem que pensar no público-alvo! Tem que ficar ligado na compra por impulso! Ou você pensa que mídia é só TV, jornal, rádio, revista, out-door, bus-door, placas em campos e quadras esportivas e etc., etc., etc...?

Hoje recebi, em meu escritório, um casal. Apresentaram a mim um novo produto, uma nova forma de comunicação. Através de um software e com o cadastro de clientes de sua empresa, você pode enviar mensagens SMS para qualquer celular, de qualquer operadora. Nos Estados Unidos, onde a coisa já está até mais evoluída, empresas sabem, inclusive, onde você está em determinado momento. Se estiver chegando a um shopping e atender alguma chamada no seu celular, poderá ser alguma loja lhe chamando para uma visita...

P.S.: a foto não é nova. Parte do texto, também não. Pensei apenas em republicar aqui um pedaço de um fotoblog que está parado... Só tenho conseguido dar atenção a um de meus espaços. Talvez nem seja isso: pode ser um desânimo com a UOL...

"Tecnológicos" e tradicionalistas


21 de setembro de 2005.

Foi publicada hoje, pela UOL, uma matéria (até que extensa) sobre a Disney. Em 2003, Glen Keane convidou cerca de cinqüenta desenhistas para uma conferência intitulada "O melhor dos dois mundos". Os desenhistas de animação da Disney estavam separados em dois campos opostos: de um lado, os que tinham habilidade na elaboração de animação computadorizada, e de outro, aqueles que se recusavam a abrir mão dos seus lápis. Mais tarde, David Stainton explicou para 525 empregados que os estúdios Disney iriam parar de produzir desenhos animados feitos manualmente num futuro próximo. Todos aqueles interessados em animação computadorizada poderiam assinar um contrato de reciclagem profissional cujo estágio teria duração de seis meses. "O que eu estava lhes dizendo era: `Ou vocês abraçam este oportunidade, ou em breve não haverá mais lugar para vocês nesta empresa'", contou Stainton. Os desenhistas de animação da companhia foram informados de que a Disney passaria a concentrar suas atividades na realização de filmes de animação computadorizada, abandonando assim a tradição antiga de 70 anos do desenho feito a mão em favor de um estilo mais atual que havia sido popularizado por rivais mais novos e bem-sucedidos tais como os estúdios de animação Pixar e a DreamWorks Animation. Conclusão, para resumir a matéria: no próximo dia 4 de novembro, cerca de dois anos e meio depois daquela decisão, a Disney vai lançar "Chicken Little" (no Brasil, "O Galinho Chicken Little"), o primeiro de uma seqüência de quatro filmes de animação computadorizada que vêm sendo desenvolvidos no estúdio desde a sua recente reorganização.
O mundo não caminha mais. O mundo corre e, se a gente bobear, fica para trás num curto espaço de tempo. Isso vale para a informação, para a linguagem, para a tecnologia, para a moda... Dia desses eu peguei uma revista direcionada a adolescentes e não entendi uma das chamadas de capa. Que expressão era aquela? O que significava? Tive que apelar a alguém quase vinte anos mais novo do que eu para entender...
Eu estudei a minha vida inteira para ser arquiteto. Daqueles antigos, de prancheta. Na hora de increver-me para o vestibular, porém, mudei de rumo, num surto da minha consciência. Jamais estudei arquitetura e, no dia da minha formatura, olhei para trás, para todos os meus colegas, e pensei: "o que eu estou fazendo aqui? O que vou fazer da minha vida agora?"
Alguns anos depois vi arquitetos trabalhando em computadores. A arte da prancheta terminou. Agora, a arte dos desenhos manuais acabará também. Ficará restrita às crianças, desde os seus primeiros rabiscos até uma certa idade, apenas.
Com os computadores, uma nova linguagem também se instala. Pior, na minha opinião, num caminho inverso ao avanço da tecnologia. Com os computadores também se alastra o individualismo, os filhos solitários nos seus quartos. Amizade, agora, é virtual. Cada dia mais virtual. Penso que alguns valores se perdem. A família se perde.
Vivam os tecnológicos! Sobrevivam os tradicionalistas!

Blog: capacidade terapêutica


17 de setembro de 2005.

Há alguns dias escrevi sobre escrever, o que é para mim... Lá no início do meu blog, também já havia escrito que este é um bom espaço... A matéria a seguir diz algo parecido com o que sinto.

16/09/2005 - 19h29 Pesquisa diz que "blogs" têm capacidade terapêutica
San Francisco (EUA), 16 set (EFE).
Escrever um "blog" é terapêutico para a maioria dos bloggers", segundo uma pesquisa divulgada hoje que contribui para compreender o "boom" que experimentaram estes diários nos últimos tempos.
Uma enquete da América Online com 600 "bloggers" revela que, para mais da metade dos interrogados, a atividade tem um efeito terapêutico. E assim, segundo a enquete, a maioria dos "bloggers" busca um respiro em seu diário mais do que comentar sobre assuntos políticos ou trabalhar como jornalistas amadores. Os "blogs" substituem o psicólogo em 31% dos casos: um terço dos entrevistados disseram que em momentos de grande ansiedade escrevem em seus "blogs" ou lêem os de outras pessoas que enfrentam dificuldades semelhantes ao invés de buscar ajuda profissional. Um terço dos indagados disse que escreve freqüentemente sobre assuntos como a auto-estima e a auto-ajuda, enquanto que 16% disseram escrever um diário on-line porque está interessado no jornalismo. 12% disseram escrever um "blog" para acompanhar as notícias e os mexericos, enquanto que outros 8% manifestaram interesse pela informação política. "Os blogs servem como uma história oral", disse Bill Schreiner, vice-presidente AOL Community. Para Schreiner, os "bloggers" não têm pressão para escrever sobre nenhum assunto em particular, nem competem com outros.O Google lançou na quinta-feira uma ferramenta para buscar especificamente em "blogs", o que pode aumentar ainda mais a visibilidade dos milhões de diários online que existem na rede.

Experiência...


16 de setembro de 2005.

Sempre pensei, e certamente não só eu, que são incoerentes alguns anúncios que pedem experiência a um candidato a emprego. Não cabe a determinadas vagas. A outras sim, sem dúvida!
O texto abaixo já deve ter circulado muito pela Internet, mas como eu o recebi e tornei-me mais um de seus admiradores, transcrevo-o aqui:

Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder à seguinte pergunta: "Você tem experiência?"A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado, seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.


REDAÇÃO VENCEDORA:
Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda. Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade. Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: "Qual sua experiência?". Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência... Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: "Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?"

Sábias palavras


16 de setembro de 2005.

Preferível o xadrez às cartas.
Os jogos de baralho são fechados. Você não sabe o que o adversário faz e nem imagina o que pensa.
O xadrez é um jogo aberto. Quem tem a maior antevisão é que vence.

...
Vivo-morto é aquele que deixa tudo por isso mesmo, tudo do jeito que está.
Problemas? Não, está tudo bem!
Ele não se importa com o dia. Não encara os problemas. Não busca soluções. Não luta por um caminho melhor. Não enxerga a vitória.

O Amyr tem razão


16 de setembro de 2005.

Perdi a foto.
Chego à conclusão de que, mesmo sendo um risco, não posso andar sem minha câmera... A Catedral estava ali, entre ramos de uma árvore, e, ao fundo, a lua meio encoberta por nuvens passageiras. Perdi.
Como já transcrevi há um tempo atrás:
"Já ancorado na Antártida, ouvi ruídos que pareciam de fritura. Pensei: será que até aqui existem chineses fritando pastéis? Eram cristais de água doce congelada que faziam aquele som quando entravam em contato com a água salgada. O efeito visual era belíssimo. Pensei em fotografar, mas falei para mim mesmo: - 'Calma, você terá muito tempo para isso...' Nos 367 dias que se seguiram, o fenômeno não se repetiu. Algumas oportunidades são únicas." Amyr Klink
É, o Amyr tem razão.

Passa pela cabeça


30 de agosto de 2005.

Estou só.

Falei pelo telefone e, depois que desliguei, voltou a solidão.
Escrever é uma forma de fugir desse sentimento de estar só. Escrever é uma forma de dasabafar o que talvez você não queira contar para mais ninguém. Escrever é falar a ouvidos surdos, que servem na falta de quem lhe dê atenção e se interesse pelo seu assunto. Escrever é um passatempo. Escrever é lazer. Para escritores, às vezes, é obrigação. Mesmo quando lhes faltam idéias. Penso que escrevo por qualquer dos motivos. Eles variam....
Enquanto estou aqui, frente a um teclado e um monitor, o mundo acontece lá fora. Muitos vendem. Muitos compram. Muitos namoram. Muitos brigam. Muitos trabalham. Muitos vagabundeiam. Muitos estão à procura de gente. As boates estão cheias de putas que cantam ou são cantadas por clientes. Os bares estão cheios de bêbados que querem esquecer o seu dia e também não pensar no dia seguinte. Ladrões planejam e roubam. Moços morrem em rachas em uma rua qualquer. Os doentes recebem visitas. Famílias enterram seus mortos. Famílias vêem a chegada de novos filhos. Muitos torcem em estádios. Muitos sofrem com catástrofes naturais. Muitos estão à mesa, em harmonia e paz. Soldados fazem guerra por ordem de um escritório qualquer. Há lágrimas e sorrisos. Depende de para onde se olha.

...
Só hoje meus dentes inferiores começaram a andar. Ainda não sabem o tamanho do caminho.
...
Conversa com o Rafa. Lembrei do passado. Coisas boas e ruins. Ouvi. Falei o que penso. A esperança é conseguir ajudar. De alguma forma. Quando a gente pode, a gente deve. O limite de suas forças é que deve ser um não a qualquer auxílio.
Bom Rafael. Muito bom!
Lembrei da Alessandra. Inesquecível. Penso que no seu íntimo ela pense o mesmo de mim. Como saber? O que foi intenso para um pode ter sido nem tanto assim para outro. Jamais saberemos o que sentiu e pensou o outro. Saberemos somente o que for traduzido em palavras, sem entender, porém, a profundidade.
...

Texto de um livro escolar

25 de agosto de 1005.

Inutilidades

José Paulo Paes

Ninguém coça as costas da cadeira.
Ninguém chupa a manga da camisa.
O piano jamais abana a cauda.
Tem asa, porém não voa, a xícara.

De que serve o pé da mesa se não anda?
E a boca da calça se não fala nunca?
Nem sempre o botão está na sua casa.
O dente de alho não morde coisa alguma.

Ah! Se trotassem os cavalos do motor...
Ah! Se fosse de circo o macaco do carro...
Então a menina dos olhos comeria até
Bolo esportivo e bala de revólver.

Bilhete a uma amiga


15 de agosto de 2005.

Vânia,
o que escrevo é simplesmente pela vontade de deixar registrado.

O sábado passou, dia 13, e lá pelas 9h30 tive vontade de ligar para você. Motivo: nenhum aparente. Olhei o relógio e pensei que talvez fosse cedo. Se fosse eu, num sábado em que não teria a obrigação de levantar e ir trabalhar, ainda estaria àquela hora na cama, descansando um pouco mais.
Fiquei pensando no motivo. Eu desejava dizer que amo você, como às vezes digo. Eu desejava ouvir a sua voz doce respondendo toda carinhosa "Ô, Jú, eu também te amo! E aí, você está bem?"

Embora nosso relacionamento no dia-a-dia seja tão pequeno, embora os dias sejam corridos, embora os assuntos que nos envolvem sejam muitas vezes distantes e cada um esteja caminhando para seu próprio lado, estar ao seu lado é muito bom. Sinto que a vontade de ligar aos sábados, como às vezes já liguei, vem de uma necessidade de paz, de descanso do meu coração. Você me dá isso. Falar com você, ou somente ouvir a sua voz, me traz tranqüilidade. Não sei explicar muito, mas é isso que preciso registrar.
Você é importante para mim.
Um beijo com muito carinho.
Júnior

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Sala de Espera


9 de agosto de 2005.

No mundo corporativo, nos últimos anos, muito se fala, e cada vez mais, em atendimento, no bom atendimento. Diz-se que o consumidor, o cliente, está cada vez mais exigente, cada vez mais conhecedor dos seus direitos e blá, blá, blá.
Penso que muitos prestadores de serviço ainda não se ativeram a essa conversa. É fácil de se observar. A sala de espera é o xis da questão.
Estive no cabeleireiro no último final de semana. Ofereceram-me uma revista: notícias velhas. Até que não eram tão velhas assim. Coisa de duas semanas atrás...
Escritório de um advogado. Não era qualquer escritório, não! O homem já foi secretário do Estado do Rio Grande do Sul, tem título de cidadão Paulistano e cidadão Avareense, concedidos pelas respectivas Câmaras Municipais e, como se não bastasse, recebeu um grau de Comendador da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História.
Bem, voltando ao escritório, a sala de espera é um horror. Sem citar muito os móveis, até porque não observei detalhes, há uma amostra de máquinas de escrever antigas. Para os que gostam de museu é interessante. Eu, por exemplo, achei.
Nas paredes, além dos títulos mencionados enquadrados em velhas molduras, jornais velhos com notícias que pouco interessam aos que por ali têm que esperar um atendimento. O pior de tudo: a mesa de centro, lotada de revistas velhas divididas em duas pilhas. Peguei uma delas e comecei a observar as demais. A que peguei estava até úmida. Umidade do próprio ambiente. Nas outras, como nesta primeira, lia-se como data de capas dezembro de 2003, janeiro de 2004. Por que colocar revistas velhas numa sala de espera? Se o objetivo é entreter enquanto o cliente espera, por que não lhe oferecer notícias novas, coisas atuais, revistas novas? Não faz parte de um bom atendimento? Junto com a recepcionista, creio que a sala de espera também faz parte do chamado "cartão de visita".
Bem, comecei a escrever esse texto no dia 9. Não consegui terminar e hoje já é dia 12. Vejam a coincidência: colocaram hoje, na sala de espera do andar em que trabalho, um porta-revistas com algumas peças. Já fui observar. Vi revistas novas e já fui procurar o responsável pelo novo acessório da sala de espera. Dei meu parecer. Agora, é ver o que acontecerá...