domingo, setembro 09, 2007

Tio Edmundo


19 de abril de 2006.

Edmundo: meu tio, um dos irmãos de meu pai, advogado. Filhos: Patrícia, Marcelo e Karla. As duas, por sinal, são minhas únicas primas. Com minha irmã, são três, apenas três mulheres em meio a muitos outros primos. É, família praticamente só de homens.
Certo dia meu pai me contou que o Edmundo estava se separando da Selma. Este certo dia não foi há muito tempo atrás. Apenas há uns poucos anos. Meu pai chamou o Marcelo, o único filho homem do irmão.
- Marcelo, você precisa, neste momento, apoiar a sua mãe. Seu pai é advogado, influente, conhece muita gente e muitos outros advogados em Juiz de Fora e pode deixá-la em situação ruim nesta separação.
Quando ele me contou, nada falei. Apenas pensei que embora aparentemente contra seu próprio irmão, ele estava certo em preocupar-se com a cunhada de tantos anos. Situação interessante. Decisão talvez difícil. Talvez mais difícil fosse dizer aquelas palavras ao Marcelo.
...
Dois mil e seis. O Edmundo me ligou no meu aniversário, como em todos os anos. Parabenizou-me e disse que a "não me lembro o nome" estava também me mandando um abraço. Explicou que era sua nova companheira.
- Você sabe que eu me casei de novo, né?
Fiquei sem saber, a princípio, o que responder, mas logo arrisquei:
- Que você se separou eu sei, mas que casou... Não me lembro, acho que não sei.
- Mas seu pai até veio em meu casamento...
- Ah, é verdade - menti - Eu é que estou louco.
...
Dizem que todas as pessoas sonham diariamente. Eu sempre pensei que isto não acontece comigo porque nunca me lembro de ter sonhado. São raras as vezes. Mas esta noite sonhei. Meu pai me ligou e contou:
- O Edmundo foi assassinado. Um tiro a queima-roupa.
Não sei porque tive este sonho. Mas tive. O que será que significa? Também não liguei para o Edmundo. Talvez nem o faça.