domingo, setembro 09, 2007

Sônia Braga


31 de março de 2006.

Eu era ainda muito novinho. A impressão que tenho hoje é de que lá naqueles tempos pouquíssimas pessoas iam ao cinema assistir a um filme nacional. Talvez tivessem má fama. Ou má produção ou excesso de palavrões, nudez, sei lá. Quem ia assistir ou não comentava ou pouco comentava com apenas poucas pessoas. É a minha impressão.
Naqueles tempos eu ouvia falar de Sônia Braga. Muitos comentaram sobre a cena de Gabriela em que ela sobe numa árvore. Penso que os homens lá de baixo e os da frente da telinha ficaram loucos. Era uma abundância de bunda. Depois veio "Dona Flor e seus dois maridos" e "A Dama do Lotação". A cena de Gabriela, hoje fui ver, foi ao ar no ano de 1975. Eu realmente não tinha meus dez anos e muito menos tinha malícia. Malícia zero.
Ontem o Canal Brasil estava exibindo "A Dama do Lotação". Parei por um tempo por ali. A Dama só podia ter fogo ali no meio das pernas. Aí entendi. Somente trinta anos depois é que entendi porque a Sônia era tão comentada. Diz-se que Sônia Braga era tida, na época, como o protótipo da mulher brasileira, e que encaixou-se muito bem nos papéis das obras de Jorge Amado.
"A novela Gabriela fixou-se para sempre no imaginário popular com a história da morena sestrosa, sensual, que leva à loucura o árabe Nacib (intepretado pelo também inesquecível Armando Bogus). As histórias de Gabriela e Dona Flor se incorporaram, pode-se dizer, à maneira como os brasileiros olham o mundo e a si mesmos. Em Dona Flor, Jorge fala da oscilação da alma feminina entre a segurança e a aventura. Flor fica entre o estróina Vadinho e o sério Teobaldo, o farmacêutico. Um é jogador, cachaceiro, mulherengo - e bom de cama. Outro é sincero, tedioso, seguro e comedido. Se complementam. E a solução, sobrenatural, pois Vadinho volta do além, satisfaz Flor em sua dupla exigência. Gabriela segue outra vertente da alma feminina. Ela não pode ser de um homem só e o erro de Nacib é tentar aprisioná-la. Mas ninguém aprisiona o vento, e Gabriela terá de ser amada como é, solta, livre, independente. À sua maneira, ela é uma mulher forte, como Flor." (Parágrafos transcritos daqui. O endereço existia, mas, de qualquer forma, a fonte é a Internet e alguém).
É, só agora em 2006 conheci a Sônia Braga. Que coisa!