domingo, setembro 09, 2007

Vovós que a gente não conhece


8 de março de 2006.

As novelas chamadas "de época" sempre revelaram uma sociedade patriarcal e um extremo respeito entre as pessoas. A maioria dos filhos calava-se diante de uma resolução paterna mesmo que seu pensamento fosse contrário. Um ou outro enfrentava. A voz masculina também era mais forte. O retrato mostra muito mais filhos do que filhas expondo suas idéias. Fora do ambiente familiar, os mais novos respeitavam os mais velhos, os homens eram corteses com as mulheres.
Bem, este é o retrato que nos traz a Globo. Livros como do mestre Machado também assim mostram a sociedade, mas estes só têm penetração em poucos, infelizmente.
As vovós de hoje, que têm lá seus setenta, oitenta anos, são senhoras respeitáveis. São meigas, amáveis, prestativas, educadas... Se pensarmos, nasceram lá pelos anos vinte, anos trinta. É uma época não muito distante daquelas mostradas pela TV.
A rebeldia, porém, sempre existiu. A "ovelha negra" cantada por Rita Lee jamais foi irreal. Talvez sejam pouquíssimas ou realmente seja uma raridade conhecermos velhinhas rebeldes, velhinhas que fogem da descrição das vovós do parágrafo acima. Mas, e sempre existe um "mas", elas existem. Basta irmos a um bingo, como fui num dia desses. Fiquei impressionado. A cada "bingo" gritado, mil palavrões são liberados ao ar. Ficam revoltadas, muitas delas. Algumas têm vontade até de sair no tapa. Há vovós que falam muito mais palavrão que adolescentes! Voltando no tempo, fico imaginando sua juventude, vamos dizer que lá com seus vinte anos de idade. Isto foi, então, entre os anos de 1940 e 1950. Como eram suas vidas? Como eram suas famílias? Como eram seus relacionamentos? Como eram, estas vovós, moças?
É engraçado pensar isto. Parece que não cabe bem na cabeça...
É, nem tudo foi sempre flores. O mundo nunca foi apenas cor de rosa.