segunda-feira, junho 04, 2007

Jogo do Currículo

9 de fevereiro de 2006.

Caso não tenha lido o post anterior, leia para entender.

- Quando criança adorava ir à feira com minha vó. Não pela feira, mas por passarmos em frente ao quartel. Eu ficava fascinado ao ver os soldados de guarda, fardas verdes e arma em punho.
- Adorava ir ao circo. Qualquer circo, por mais sem-vergonha que fosse. Adorava palhaços. Arrelia e Carequinha foram meus prediletos.
- Eu dizia, naquela ocasião, quando perguntado sobre o que eu queria ser quando crescer, que seria palhaço e soldado.
- Quando meu pai me apresentou, certo dia, um bichinho chamado porquinho da índia, imediatamente perguntei a ele onde estava a índia. Eu tinha uns três anos de idade.
- Adorava visitar a Kátia, uma prima de segundo grau. Há muitos anos eu não a vejo e nem tenho notícias.
- Não perdi um programa sequer do Toppo Gigio. Ganhei um boneco, quando tinha apenas três anos de idade e operei a garganta. Tenho-o guardado até hoje.
- Como ainda era pequeno, não pude descer a ladeira de carrinho de rolimã e nem empinar pipas com os garotos da rua onde morava. Ficava apenas louco, admirando ali da janela.
- Adorava ir ao sítio da tia Conseta, uma tia da minha mãe. Meu passatempo preferido era andar no meio da bosta e ver alguém tirando o leite da vaca. Adoro o cheiro de curral. Lembro-me que as mesas de café da tarde eram sempre recheadas de quitutes.
- Adoro feijão, desde pequenino. Meu faro era infalível e minha mãe nunca conseguiu cozinhar sossegada. Minha pressa era tanta de que cozinhasse logo que aprendi a comer até sem tempero, logo que saía da panela. A vizinha ficava inconformada com a quantidade de cuias de feijão que eu comia.
- Lembro do molhinho da minha avó. Um molho simples, de tomate com carne moída. Para a criança, um sonho inesquecível! Já adulto não gostei tanto assim. Achei insosso. Mas fico com a lembrança da criança.
- Desenhei muito. Era só colocar papel e lápis na minha mão. Copiava, ampliando, qualquer coisa que me dessem. Minha mãe e meu pai diziam que eu era um artista. Hoje só desenho quando o pedido vem de uma criança.
- Tive aulas de pintura e fiz algumas telas a óleo. Há ainda hoje duas telas, com o rosto triste de um palhaço, uma na casa do meu avô, uma na do meu tio e padrinho. Não sei qual foi a minha real participação na pintura porque minha professora Maria José retocava, mas gosto delas.
- Meu primeiro jogo assistido num estádio foi São Paulo e Portuguesa. Um zero a zero, para minha infelicidade. Ah, e não foi no Morumbi. Foi Canindé.
- Vi o Zico jogar no Maracanã. Assisti Flamengo e Campo Grande e a uma final Flamengo e Vasco quando o técnico Coutinho ainda era vivo. Ele foi expulso e veio para uma cabine de rádio logo acima de onde estávamos. Inesquecível vê-lo tão de perto, inflamado pela emoção da partida. Ah, o Mengo foi campeão! Outro detalhe: fomos sozinhos ao Maraca, eu, Sérgio Luiz e meu irmão Haroldo, 12, 11 e 10 anos de idade. Até hoje não entendo como nossos pais deixaram, ainda mais tratando-se de uma final entre grandes clubes (e torcidas).
- Troquei muitas cartas com meu primo Renato, meu primo mais querido. Desenhávamos, um para o outro, lances de gols. Eu do Flamengo, ele do Fluminense. E não cansávamos de encher o saco um do outro.
- Renato, meu primo, queria ser aviador. Estudou sempre em escola militar. Dizia-se um burro esforçado enquanto definia seu irmão como um inteligente vagabundo. Morreu em Natal, indo para a escola da Aeronáutica, um dia antes do meu vigésimo-sexto aniversário. Passei aquele meu aniversário enterrando meu querido. Acidente mal explicado.
- Cheguei a torcer pelo Palmeiras aqui em São Paulo, quando o Zinho veio do Flamengo para o time. Hoje sou corinthiano. Muitos não acreditam nesta “inaceitável” mudança. Ah, como mineiro que sou, sempre fui Galo também.
- Não vi Pelé jogar porque ainda era pequeno. Mas tenho, em meu coração, carteirinha de fã do Maradona, do Romário, do Mário Sérgio, do Ronaldo, do Ronaldinho Gaúcho. A mais recente é a do Robinho. Gostei também de ver Edmundo, Marcelinho Carioca, Dener, o deus da raça Rondinelli, e talvez haja mais alguns nomes.
- Concluo que gosto mesmo é de um bom futebol, independente da camisa.
- Joguei futebol de botão e tive quase cem times com meu irmão. Quase me federei pelo Juventus, para disputar o campeonato paulista e, quem sabe, o brasileiro.
- Fui dono de time e artilheiro de rua. Meu pai comparava meu futebol ao do Zico. Exagero de pai, claro!

- Mesmo tímido e falando pouco, tive muitas namoradas, desde os meus doze anos. Penso que conquistava pelas palavras escritas. Sempre fui um romântico.
- Sexo? Perdi a virgindade muito tarde, aos vinte e três.
- Casei e descasei. Tive dois filhos. Hoje casei de novo e tenho mais dois, de coração. Estou feliz. Quem sabe ainda terei um outro, meu e da Clau...
- Viajei apenas uma vez para o exterior. Viagem de negócios, uma feira de discos em Cannes, França. Passei por Paris e Londres. Apesar do pouco tempo, apaixonei-me por Paris. Não fui ao Louvre, mas subi na torre Eiffel e vi o Sena. Adorei comer escargot. Jamais esquecerei.
- Vi figuras estranhas, das mais diversas tribos, em Londres. Fiquei imaginando como será Amsterdan.
- Adoro pizza. Aprendi a comer gelada, em Paris. Uma delícia, de qualquer jeito. E esta é uma história que ainda contarei.
- Meus heróis são o Batman e o Zorro. Assisti tudo dos dois.
- Histórias em quadrinhos foram um vício. Gostava do Fantasma, de Mortadelo e Salaminho, do Tintin. Mas estes eram apenas os preferidos. A coleção de gibis foi grande. Nos desenhos animados ainda sou louco pelo Pernalonga e pelo Tom e Jerry. Eles têm a mesma maldade, o mesmo pensamento e o mesmo olhar de um mafioso. A diferença é o humor.
- Assisti Super Dínamo, Guzula, A Princesa e o Cavaleiro e Fantomas, o Guerreiro da Justiça.
- Adoro livraria e banca de jornal. Se deixar, passo horas e quero comprar muito. Aliás, livros, eu consigo ler vários ao mesmo tempo, sem confundir os assuntos.
- Sou colecionador de DVD. Filme que me faz parar, mesmo que esteja no final, é qualquer um que tenha tribunal. Gosto de mafiosos, crimes, suspense e ação. Aliás, por falar em suspense, o último que me arrepiou foi O Amigo Oculto. Pretty Woman, Maverick e Amadeus também são inesquecíveis. É bom eu parar porque senão a lista crescerá muito.
- Não sei dançar, mas admiro quem dança. Sempre digo que “não danço, apenas balanço”.
- Inventei muitas histórias para crianças, contadas na cama, antes de dormirem.
- Mergulhei com dificuldades em Maracajaú, Rio Grande do Norte, mas gostei de ver os peixes passando do meu lado e os corais, dançando com o movimento das águas.
- Saltei três vezes, até agora, do Hadikali, no Hopi Hari. Quantas vezes eu for lá, quantos saltos entrarão na conta.
- Joguei taco na rua e arrebentei um cado da Eletropaulo com a bola de tênis. A rua ficou sem luz por várias horas.
- Sou o recordista de gesso da família. Quando criança, vivia quebrado. Perna, braço, outra perna... Acho que aprontei pouco, né? Ou foram apenas pequenos acidentes? Num deles, quase aleijei o braço esquerdo.
- Desde criança ouço sobre política e depois, adolescente e adulto, continuei a acompanhar. Nunca anulei meu voto, mas já fiz o chamado “voto útil”. Quase tive nome de político.
- Conheço o hoje senador Romeu Tuma. Sempre pensei que as grandes ações da Polícia Federal, noticiadas em todos os meios de comunicação, são teatro, com roteiro cuidadosamente planejado e produzido. Não que a Federal não trabalhe. É que muita coisa me soa esquisito, mal explicado. Quando Romeu Tuma era o poderoso chefe da Federal também pensava mal dele. Hoje, conhecendo-o, ainda fico com um ponto de interrogação sobre a Federal, mas já não tenho dúvidas de que ele, Romeu, é uma ótima pessoa.
- Conheço o deputado federal Ricardo Izar, hoje presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
- Amo os felinos. Sempre quis ter um gato, mas só tive cachorros. Sempre abri mão porque alguém da casa não gostava. Penso que o mais lindo dos felinos é o tigre.
- Os filmes que marcaram minha infância ou adolescência foram King Kong e Orca, a Baleia Assassina.
- King Kong foi o único álbum de figurinhas que completei na vida.
- Ganhei um troféu de melhor vocal no Festival de Música do Arquidiocesano. Éramos um grupo de sete mulheres e eu, a única voz masculina.
- Odeio as cobras. Só de ver me arrepio, mesmo sendo daquelas de plástico. Acho que é trauma de infância, quando encontrei uma e não soube o que fazer.
- Já joguei futebol com padres. E eles corriam muito!
- Tirei mendigo da rua e levei para casa porque o sonho dele era voltar. Após um banho e roupas melhores, claro! Dois dias depois encontrei-o na rua de novo. Ele não quis dizer a verdade para a família.
- Fui a uma praia de nudismo. Naturalismo é uma das melhores coisas que existe!
- Conheci de perto algumas pessoas da TV, da música e do futebol. Hebe Camargo, Monique Evans, Elke Maravilha, Zezé di Camargo e Luciano, Xuxa, Angélica, Deborah Secco, Mônica Carvalho, Scheila Mello, Fúlvio Stefaninni, Jorge Fernando, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Murilo Benício, Giovanna Antonelli, a tia Anastácia do antigo Sítio do Pica-Pau Amarelo, a Antonella do Big Brother, Jota Quest, Kid Abelha, Skank, Toquinho, Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Silas, Márcio Araújo, Dinei, Jacenir. O Silas e o Jacenir almoçaram na minha casa. Trabalhei com o Emílio Orciollo, hoje na Globo. Dia desses o encontrei, mas ele já não me conhece mais.
- Conheci o Mario Prata no dia do meu aniversário, em 2003.
- Assisti a três corridas de Fórmula 1 em Interlagos, do Paddock com acesso aos boxes, e numa delas vi o Senna vencer.
- Levei a Taça de Campeão Paulista em carro aberto até o Pacaembu.
- Fui fotografado segurando a Copa do Mundo.
- Admiro muito meu amigo
Paulo. Inteligência, cultura, arte, criatividade, amizade. É o melhor desenhista que já vi. Traços precisos, incorrigíveis, perfeitos.
- Amo minha japonesa, Claudia.