segunda-feira, maio 28, 2007

Celso e o paladar


16 de janeiro de 2006.

Esta história já tem alguns anos, mas jamais esqueci. Basta sentar-se para comer e o assunto caminhar para "gostos" e eu me lembro.
Fui para o Rio de Janeiro a trabalho, visitar uma indústria brasileira. Eles, aliás, haviam comprado uma outra marca do mercado e constatado irregularidades junto ao Ministério da Saúde. Como gente séria que eram, trataram de retirar todos os recém comprados produtos do mercado, de todo o Brasil, até que conseguissem toda a regularização necessária.
Bem, mas não é este o assunto. Fui almoçar com o presidente da empresa, o Celso. É pessoa extremamente agradável, de bom papo, sorridente, bem humorado, e penso que não conheci este lado apenas por ser cliente. O cara é realmente assim. A comprovação foi feita quando observei a forma com que tratava seus funcionários. É um grande cara.
No almoço, em meio a pratos diversos, experimentei algo diferente. Comentei que gostara.
- Eu costumo dizer, e isto é pura observação minha, não é nenhuma regra, que começamos apurar nosso paladar após os 30 anos. Até esta idade deixamos de experimentar muitas coisas. Parece que continuamos a funcionar como as crianças: só de olhar já dizemos "não gosto". Depois dos 30 não! Pelo menos no meu caso. Eu comecei a experimentar muitas coisas, coisas que eu até nem imaginava. Comecei a descobrir sabores, diferenças, até diferenças sutis. Na minha opinião é aí, nos 30, que a gente começa a ampliar nosso paladar e gostar de mais coisas. É aí que a gente começa a aproveitar mais da vida...
Fiquei parado, ouvindo, pensando naquela coisa. Eu tinha lá meus 29 e talvez um pouco, meses antes, eu começara a experimentar novos sabores. Concordei com aquilo que o Celso dissera. Fiquei fascinado, na verdade. E jamais esqueci. Penso que é uma sabedoria, fruto apenas de observação.