domingo, setembro 09, 2007

O bruxo e a pizza


3 de abril de 2006.

Amigo meu dividia as pessoas em dois grupos: os bruxos e os vampiros. Cada um tinha algumas características que não sei bem dizer quais são. Ele, por exemplo, definia-se como vampiro. Dizia-se capaz de sugar energia de pessoas em uma mesa de negociação e, com isto, levar vantagem em qualquer negócio.
Em minha única viagem ao exterior, a trabalho por sinal, experimentei algo completamente diferente. Estávamos em três homens e chegamos em Paris. Mesmo depois de umas doze horas de vôo e de bundas quadradas, chegamos ao hotel e, depois de acomodados, a fome nos levou para a rua. Ninguém sabia falar francês. Depois de uma caminhada sem rumo, de vermos algumas opções, resolvemos entrar num Pizza Hut. Ficaria mais fácil. Seria apenas olhar o cardápio, reconhecer algo que no Brasil também era comum, apontar, esperar e pagar. Usar o inglês nem pensar. Os franceses odeiam.
Saciados, levamos a sobra de pizza para o hotel. Ao entrarmos no quarto, um dos amigos já foi abrindo a janela. Estava próximo de dois graus a temperatura e foi rápido o grito:
- Ô, você tá louco? Maior frio! Feche isto aí!
- Espere! Só vou deixar a pizza aqui fora.
Nada entendi. Depois ele explicou que havia aprendido aquilo nos Estados Unidos, onde vivera por três anos. Pediu que esperássemos para ver.
Saímos novamente para a rua após um whisky cowboy. Era apenas para esquentar.
Quando voltamos, madrugada quase dia, a fome já reclamava de novo. O amigo foi rápido para pegar a pizza.
- Agora comam!
Que delícia! Pizza Hut quase congelada.
Bem, o que isto tem de relação com bruxo? Pois é. Aquele amigo lá do primeiro parágrafo dizia que o vampiro gosta de comer quente e o bruxo, frio. Eu sempre gostei de comida fria. Nada de coisas pelando ou com aquela fumacinha de que acabou de sair do fogo.
Bruxo, eu? Cada um pensa o que quiser. Sei apenas que a pizza Hut geladaça é uma memória maravilhosa.