quarta-feira, janeiro 10, 2007

Emoção (sem explicação?)


26 de setembro de 2005.

Num aconchego, debaixo de edredons, a gente assiste a um filme, normalmente um drama ou romance. A Clau se derrete em lágrimas. Eu já não me emociono. Às vezes ela fala que eu sou insensível... O fato é que ela entra na história, sente como os personagens, e isso vale para as novelas também. Eu não. Eu só assisto. Para mim é ficção, coisa distante, sei lá.
Na verdade, há alguns anos, é difícil as lágrimas me assaltarem. Raras vezes meus olhos se enchem e, nessas raras vezes, não as deixo cair, rolar pelo rosto.
Ontem, domingo, fui assistir a uma apresentação do meu sobrinho. Aniversário da escola. Ele, como sempre, estava elétrico, brincando com os amigos, cada um vestindo a camisa de seu clube de futebol. Ele era o único com a camisa do Flamengo. Calção preto, meiões brancos, chuteira.
A apresentação começou ao som de Skank: "É uma partida de futebol". Eu estava ali, câmera em punho, registrando os momentos. Passou a primeira apresentação. O locutor anunciou uma repetição, agora voltados para o outro lado da quadra para que os outros pais também pudessem fotografar. Como aprendi a ser folgado e simplesmente ir entrando nos cantos para fotografar e filmar, saí de onde estava e fui lá para o outro lado. Comecei a clicar. De repente, emoção. Meus olhos marejaram, meu peito sentiu um disparo nas palpitações. Eu quase chorei. Por que? Não encontrei explicação...
Confessei o ocorrido à Clau, depois. Ela não entendeu. Por que eu nunca havia me emocionado numa festa da escola das crianças? Eu não sei! Não sei explicar! Nem com meus filhos também!Pensei que talvez fosse pelo uniforme rubro-negro. Talvez porque meu irmão tenha sido também um pouco meu filho (mas essa é uma outra história). Talvez porque aquele menino, ligado sempre em alta voltagem, me rejeitara alguns anos antes e agora me demonstra carinho. Não sei, mas foi uma emoção boa de se sentir.
Fica registrado.