domingo, setembro 09, 2007

Um novo blog

8 de maio de 2006.

Minha amiga
Sandra indicou e eu fui. Após o fato de não ter mais espaço por aqui para postar imagens, vai aí o novo endereço: tempopensamentosededos.blogspot.com
Um beijo a todos!

P.S. Acaba aqui o "transporte" de todo o meu primeiro blog, editado no provedor Click 21, para o Blogger. Eu até que gostava de lá, mas para ficar com todo o meu conteúdo em um só lugar, está aí. Aqui, este, e o "Tempo 2", que continua.
Abraço!

Memória olfativa


5 de maio de 2006.

Este negócio chamado memória olfativa é bastante interessante. Um perfume pode ser delicioso mas se esteve presente em algum fato ruim já se torna desagradável.
O perfume que gosto de usar, por exemplo, me faz lembrar de Paris, Cannes e Londres. Foi na minha viagem para lá que ganhei um frasco e só deixei de usar depois quando o dinheiro era curto para fazer a reposição. Mas traz lembranças agradáveis, de um povo diferente, de um clima gelado, de uma beleza arquitetônica que por aqui pouco se vê, de restaurantes micros e macros com excelente comida, de diversão fora do trabalho.Visitei hoje uma pessoa e quando saí estava com um perfume na mão. É, algumas pessoas que a gente cumprimenta deixam um frescor na nossa mão. E este é daqueles agradáveis, deliciosos, e que puxam a memória. Já estive com alguma mulher que usava este perfume. Não sei qual é, não sei mais quando foi, mas tenho certeza de que foi algum momento bom. É difícil errar. Fiquei até tentando me lembrar quem, quando e onde. Mas já não interessa. Vale é que foi muito bom. E lembrar, mesmo não lembrando, é uma delícia comparável à própria fragrância.

Dia do Índio


19 de abril de 2006.

Tinha que ser mesmo o Dia do Índio.Terei que encerrar este blog e começar outro. E agora parece que é sério. Não há mais espaço para figuras. O blog não aceita "uploads". Alguém quer sugerir algum outro provedor para o "Tempo...2"? Ou será que devo continuar por aqui, no Click 21?
Humpf!
...

Tio Edmundo


19 de abril de 2006.

Edmundo: meu tio, um dos irmãos de meu pai, advogado. Filhos: Patrícia, Marcelo e Karla. As duas, por sinal, são minhas únicas primas. Com minha irmã, são três, apenas três mulheres em meio a muitos outros primos. É, família praticamente só de homens.
Certo dia meu pai me contou que o Edmundo estava se separando da Selma. Este certo dia não foi há muito tempo atrás. Apenas há uns poucos anos. Meu pai chamou o Marcelo, o único filho homem do irmão.
- Marcelo, você precisa, neste momento, apoiar a sua mãe. Seu pai é advogado, influente, conhece muita gente e muitos outros advogados em Juiz de Fora e pode deixá-la em situação ruim nesta separação.
Quando ele me contou, nada falei. Apenas pensei que embora aparentemente contra seu próprio irmão, ele estava certo em preocupar-se com a cunhada de tantos anos. Situação interessante. Decisão talvez difícil. Talvez mais difícil fosse dizer aquelas palavras ao Marcelo.
...
Dois mil e seis. O Edmundo me ligou no meu aniversário, como em todos os anos. Parabenizou-me e disse que a "não me lembro o nome" estava também me mandando um abraço. Explicou que era sua nova companheira.
- Você sabe que eu me casei de novo, né?
Fiquei sem saber, a princípio, o que responder, mas logo arrisquei:
- Que você se separou eu sei, mas que casou... Não me lembro, acho que não sei.
- Mas seu pai até veio em meu casamento...
- Ah, é verdade - menti - Eu é que estou louco.
...
Dizem que todas as pessoas sonham diariamente. Eu sempre pensei que isto não acontece comigo porque nunca me lembro de ter sonhado. São raras as vezes. Mas esta noite sonhei. Meu pai me ligou e contou:
- O Edmundo foi assassinado. Um tiro a queima-roupa.
Não sei porque tive este sonho. Mas tive. O que será que significa? Também não liguei para o Edmundo. Talvez nem o faça.

Dia de sorte




16 de abril de 2006.

Apenas para registrar: treze de abril de dois mil e seis. Dia de sorte. Quinze a dois, trinta e três, quatro mil.
Um dia tinha que chegar.

Dono de farmácia


12 de abril de 2006.

Quando pensei neste título, percebi que tenho uma história a mais do que a que eu contaria. Então, vamos lá!

A primeira
Conversa vai, conversa vem, minha mãe confundiu farmacêutico com dono de farmácia. Meu pai já foi logo corrigindo:
- Ele não é farmacêutico, é dono de farmácia! É diferente!
- É, dono de farmácia até eu posso ser - completei.
- É, você poderia ser mesmo... - disse meu pai - A Rose sempre pergunta de você.
- O quê?
- É, a Rose até hoje pergunta de você.
- Fala que era apaixonada por você - emendou minha mãe.
- Pergunta sempre?
- Sim, sempre.
- E eu nunca dei bola para ela.
- É, ela diz isto também até hoje... - completou meu pai - Você, hoje, poderia ser dono de farmácia.
A Roseli é filha de dono de farmácia. Uma japonesa linda, meiga, sensual, delicada, feminina. Detalhe: meu pai nunca havia brincado comigo a respeito do assunto mulher.

A segunda
Eu estava passando alguns dias de férias em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. O fato de ser uma capital é importante. Torna a história mais absurda.
Bem, precisava de um medicamento e a coisa tinha que ser urgente. Saí em busca de uma farmácia. Após alguns quarteirões, achei finalmente. Entrei. Atrás do balcão, dois homens. Já que um deles atendia a outro cliente, dirigi-me ao segundo:
- Por favor, o senhor tem "xxx" (nome do remédio).
- Sim. Aguarde só um momento que o rapaz ali virá lhe atender. Eu sou o dono da farmácia.
Fiquei paralisado, tentando entender o que significava aquilo. Eu estava entendendo certo? Porque o homem era o dono, não podia me atender? Aguardei um pouco e outro rapaz me atendeu. Saí com cara de bunda, com cara de quem não acredita no que acabou de presenciar. Um absurdo. E é um conceito que lá nos interiores do Brasil até poderia ainda existir. Erradamente, mas poderia. Mas ainda por cima numa capital? Achei maluco. Que dono de farmácia era aquele?

Aniversário


10 de abril de 2006.

Mais um ano completado. Saio dos chamados "inta". Não sei se existe algum sentimento diferente. O dia é igual. Talvez, pela mudança, haja apenas uma linha imaginária que até pode ser determinada como início de um novo tempo. Sei lá. Apenas desejo ser feliz, encontrar alegria nos meus dias, ter amigos. É muito bom ter um amor que também lhe ama. É muito bom ter carinho. É muito bom ter uma casinha, um canto que é seu. É muito bom lembrar momentos, pessoas, conquistas. É muito bom entender-se experiente em tantas coisas e tão aprendiz em tantas outras. É bom saber que ainda há muito caminho a percorrer. E mesmo que não haja, que o aprende e ensina continuará até o fim. É bom sorrir. É bom chorar. É bom viver e é preciso aprender a viver com intensidade cada instante. Nem sempre a gente se lembra disto.
Não sei o que escrever, mas também é muito bom saber escrever. É bom ter idéias, imaginação, criatividade, sonhos, memórias. E é bom registrar, deixar guardado em algum canto. No futuro será bom também relembrar.
Obrigado, Deus, por mais um tempo.

O bruxo e a pizza


3 de abril de 2006.

Amigo meu dividia as pessoas em dois grupos: os bruxos e os vampiros. Cada um tinha algumas características que não sei bem dizer quais são. Ele, por exemplo, definia-se como vampiro. Dizia-se capaz de sugar energia de pessoas em uma mesa de negociação e, com isto, levar vantagem em qualquer negócio.
Em minha única viagem ao exterior, a trabalho por sinal, experimentei algo completamente diferente. Estávamos em três homens e chegamos em Paris. Mesmo depois de umas doze horas de vôo e de bundas quadradas, chegamos ao hotel e, depois de acomodados, a fome nos levou para a rua. Ninguém sabia falar francês. Depois de uma caminhada sem rumo, de vermos algumas opções, resolvemos entrar num Pizza Hut. Ficaria mais fácil. Seria apenas olhar o cardápio, reconhecer algo que no Brasil também era comum, apontar, esperar e pagar. Usar o inglês nem pensar. Os franceses odeiam.
Saciados, levamos a sobra de pizza para o hotel. Ao entrarmos no quarto, um dos amigos já foi abrindo a janela. Estava próximo de dois graus a temperatura e foi rápido o grito:
- Ô, você tá louco? Maior frio! Feche isto aí!
- Espere! Só vou deixar a pizza aqui fora.
Nada entendi. Depois ele explicou que havia aprendido aquilo nos Estados Unidos, onde vivera por três anos. Pediu que esperássemos para ver.
Saímos novamente para a rua após um whisky cowboy. Era apenas para esquentar.
Quando voltamos, madrugada quase dia, a fome já reclamava de novo. O amigo foi rápido para pegar a pizza.
- Agora comam!
Que delícia! Pizza Hut quase congelada.
Bem, o que isto tem de relação com bruxo? Pois é. Aquele amigo lá do primeiro parágrafo dizia que o vampiro gosta de comer quente e o bruxo, frio. Eu sempre gostei de comida fria. Nada de coisas pelando ou com aquela fumacinha de que acabou de sair do fogo.
Bruxo, eu? Cada um pensa o que quiser. Sei apenas que a pizza Hut geladaça é uma memória maravilhosa.

Cabeças de bagre


3 de abril de 2006.

Eu gosto muito de futebol, sem ser fanático. Gosto de assistir a um bom jogo, a jogadas bem feitas, a atuação de jogadores inteligentes e que têm o domínio e a arte da matéria.
Jogo como o de ontem, porém, entre o que a imprensa chama hoje de "time B" do Corínthians e a Ponte Preta, que desgosto! É só cabeça de bagre. Pior: matérias na Internet hoje dizem que o técnico deve ter ficado satisfeito. Vai mal o negócio.
...

Sônia Braga


31 de março de 2006.

Eu era ainda muito novinho. A impressão que tenho hoje é de que lá naqueles tempos pouquíssimas pessoas iam ao cinema assistir a um filme nacional. Talvez tivessem má fama. Ou má produção ou excesso de palavrões, nudez, sei lá. Quem ia assistir ou não comentava ou pouco comentava com apenas poucas pessoas. É a minha impressão.
Naqueles tempos eu ouvia falar de Sônia Braga. Muitos comentaram sobre a cena de Gabriela em que ela sobe numa árvore. Penso que os homens lá de baixo e os da frente da telinha ficaram loucos. Era uma abundância de bunda. Depois veio "Dona Flor e seus dois maridos" e "A Dama do Lotação". A cena de Gabriela, hoje fui ver, foi ao ar no ano de 1975. Eu realmente não tinha meus dez anos e muito menos tinha malícia. Malícia zero.
Ontem o Canal Brasil estava exibindo "A Dama do Lotação". Parei por um tempo por ali. A Dama só podia ter fogo ali no meio das pernas. Aí entendi. Somente trinta anos depois é que entendi porque a Sônia era tão comentada. Diz-se que Sônia Braga era tida, na época, como o protótipo da mulher brasileira, e que encaixou-se muito bem nos papéis das obras de Jorge Amado.
"A novela Gabriela fixou-se para sempre no imaginário popular com a história da morena sestrosa, sensual, que leva à loucura o árabe Nacib (intepretado pelo também inesquecível Armando Bogus). As histórias de Gabriela e Dona Flor se incorporaram, pode-se dizer, à maneira como os brasileiros olham o mundo e a si mesmos. Em Dona Flor, Jorge fala da oscilação da alma feminina entre a segurança e a aventura. Flor fica entre o estróina Vadinho e o sério Teobaldo, o farmacêutico. Um é jogador, cachaceiro, mulherengo - e bom de cama. Outro é sincero, tedioso, seguro e comedido. Se complementam. E a solução, sobrenatural, pois Vadinho volta do além, satisfaz Flor em sua dupla exigência. Gabriela segue outra vertente da alma feminina. Ela não pode ser de um homem só e o erro de Nacib é tentar aprisioná-la. Mas ninguém aprisiona o vento, e Gabriela terá de ser amada como é, solta, livre, independente. À sua maneira, ela é uma mulher forte, como Flor." (Parágrafos transcritos daqui. O endereço existia, mas, de qualquer forma, a fonte é a Internet e alguém).
É, só agora em 2006 conheci a Sônia Braga. Que coisa!

Scrap padrão


24 de março de 2006.

Eu mal entro no Orkut. No começo achei bom, encontrei pessoas com quem convivi há mais de vinte anos, pessoas de agora, dos últimos anos, coisa e tal. Descobrir comunidades para todos os gostos, manias, sentimentos... Tudo era bom. Depois me encheu. Parece que a coisa se tornou apenas um livro de recados e a maioria deles com coisas sem sentido ou sem importância. Larguei. Não completamente, mas larguei. Passei a acessar uma vez por semana, às vezes nem isto.
Ontem resolvi procurar novos amigos. Fiquei pensando que os blogueiros são meus novos amigos. É, afinal, fazem parte de minha vida diária. Revelam coisas, pensamentos, humor, opiniões, cultura e talvez muito mais coisas do que consigo pensar rápido agora. Bem, voltando ao Orkut, resolvi procurar por estas pessoas por quem desenvolvi um especial carinho e que me fazem tão bem. Achei alguns. Enviei scraps. Mas meus scraps foram quase todos iguais. Não fiquei pensando muito. Eu apenas queria mais uma forma de contato. Desculpem-me a falta de particularidade, de singularidade. De qualquer modo, fiquei muito feliz quando hoje já vi que vários me adicionaram como amigo. Talvez a gente nem converse, mas o símbolo do círculo de amizades é que vale.
Ah, sobre os que não encontrei, ainda tenho esperança.
Um grande beijo a todos!

Barganha, breganha, berganha.


20 de março de 2006.

Como diz a Ângela César na matéria publicada em 4 de dezembro de 1999, n´O Vale Paraibano, “a pronúncia correta não importa. O importante é pechinchar, gastar saliva e fazer negócio - literalmente a qualquer preço.
Diz ainda que “sempre aos domingos, o Mercado Municipal de Taubaté se transforma em uma verdadeira feira ao ar livre, onde pode-se encontrar de tudo um pouco - antigüidades, aparelhos eletrônicos, comes e bebes e tralhas que ninguém sabe para o que serve, mas sempre tem alguém à procura.”
Pois é isto mesmo. Quando fui convidado a ir até a “berganha”, fui sem saber do que se tratava. Fiquei impressionado. A Ângela César foi até boazinha falando de antigüidades. A palavra mais certa, com certeza, é “tralhas”. É um monte de tralhas espalhado pela rua, jogado sobre lonas, à venda. Coisas muito velhas, coisas que a imaginação dos mais velhos nem acredita que ainda existam. Rádios de pilha, dos grandes aos pequenos, máquinas de escrever, peças de bicicleta enferrujadas, peças de máquinas e parafusos dos mais diversos, LP´s com capa amarelada, sapatos mais do que usados, ferros de passar, daqueles de ferro mesmo, antigos, gravadores, aparelhos de som piores do que os velhos que a gente só encontra em assistências técnicas... Eu não acreditava que estava vendo aquilo. Voltando ao texto da Ângela no jornal, “tralhas que ninguém sabe para o que serve, mas sempre tem alguém à procura.”
Meu pecado foi não ter levado minha câmera. Eu a carrego para todos os lados e desta vez deixei em casa. Teria tirado muitas fotos. Em minha próxima visita a Taubaté certamente voltarei lá. Comprar? Nada! Fotografar, muito! É coisa de outro mundo!

Haja criatividade!


15 de março de 2006.

Primeiro a lição de casa era para que os pais comentassem sobre o nome do filho, sobre porque foi escolhido e o que significa. Depois veio outra lição: escrever sobre a origem do nome.
Fui procurar. Nada, porém, “sobre” a origem. Apenas vi que o nome é de origem grega. O que escrever agora? Como cumprir esta lição de casa?

O significado já tinha ido na primeira:
“Felipe: Significa o que gosta de cavalos e indica uma pessoa que demonstra grande afinidade com a natureza, com os esportes em geral e também com a vida militar. Tem uma incrível capacidade de se adaptar a novas situações e vencer desafios.”
Bem, agora o negócio era inventar. O que saiu? Enrolação. Nada que respondesse ainda "sobre a origem"...

"Meu nome, Felipe, é de origem grega e significa “aquele que gosta de cavalos”.
Fiquei pensando que na antiga Grécia existiam muitos cavalos, que carregavam os reis, os soldados e muitas pessoas ricas.
Os cavalos precisavam estar sempre prontos para a guerra. Imagino que os reis deveriam ter muitos Felipes.
Os Felipes é que preparavam as vitórias. Somente com muito amor e dedicação a força dos exércitos estava garantida."

A uma garota


14 de março de 2006.

Apesar da linguagem “internética”, cheia de abreviações, ortografia por semelhança de sons, economia de acentos e pontos, fiquei cheio de orgulho por sentir, ou na verdade comprovar, que meu filho tem mesmo minha veia criativa e minha forma expressiva. No desenho é muito mais do que este pai. Na escrita vejo que evoluirá para campos semelhantes aos que me encontro.
Texto (por enquanto) do Orkut:

“Isa, nossa historia eh a mais complexa, mais bonita e mais apaixonante q eu jah tive a oportunidade de presenciar.. eu qro t dizer mtas coisas nesse segundo depo.. Meu mundo sem vc eh cinza... vc colori ele, desde q vc entrou na minha vida. Meu mundo sem vc naum eh um mundo, eh um castigo, arrasto corrente qndo estou sem vc, e a saudade eh pouca coisa pra definir o q eu sinto qndo vc naum esta aki... O fogo do inferno eh gelado perto do calor q existe no meu coracao. Minha vida eh sua, faça dela o que quiser. Sou seu escravo de corpo e alma... Te amo mais do que tdo o ouro, tda a prata, tdos e tdu.. Quando eu olho nos seus olhos a Terra para de girar, o chão desaparece debaixo dos meus pés e tudo parece sem importancia. Eterno enquanto durar, eterno para sempre..Vc eh a minha oracao concretizada, dos pés a cabeça... Eu naum sei se preciso dizer de novo, mas te amo...(muitaum)(mais que demais)(mais do q achei q poderia e que vc acha q deveria) BjJjJjJjzzz do seu Lukas”

Vovós que a gente não conhece


8 de março de 2006.

As novelas chamadas "de época" sempre revelaram uma sociedade patriarcal e um extremo respeito entre as pessoas. A maioria dos filhos calava-se diante de uma resolução paterna mesmo que seu pensamento fosse contrário. Um ou outro enfrentava. A voz masculina também era mais forte. O retrato mostra muito mais filhos do que filhas expondo suas idéias. Fora do ambiente familiar, os mais novos respeitavam os mais velhos, os homens eram corteses com as mulheres.
Bem, este é o retrato que nos traz a Globo. Livros como do mestre Machado também assim mostram a sociedade, mas estes só têm penetração em poucos, infelizmente.
As vovós de hoje, que têm lá seus setenta, oitenta anos, são senhoras respeitáveis. São meigas, amáveis, prestativas, educadas... Se pensarmos, nasceram lá pelos anos vinte, anos trinta. É uma época não muito distante daquelas mostradas pela TV.
A rebeldia, porém, sempre existiu. A "ovelha negra" cantada por Rita Lee jamais foi irreal. Talvez sejam pouquíssimas ou realmente seja uma raridade conhecermos velhinhas rebeldes, velhinhas que fogem da descrição das vovós do parágrafo acima. Mas, e sempre existe um "mas", elas existem. Basta irmos a um bingo, como fui num dia desses. Fiquei impressionado. A cada "bingo" gritado, mil palavrões são liberados ao ar. Ficam revoltadas, muitas delas. Algumas têm vontade até de sair no tapa. Há vovós que falam muito mais palavrão que adolescentes! Voltando no tempo, fico imaginando sua juventude, vamos dizer que lá com seus vinte anos de idade. Isto foi, então, entre os anos de 1940 e 1950. Como eram suas vidas? Como eram suas famílias? Como eram seus relacionamentos? Como eram, estas vovós, moças?
É engraçado pensar isto. Parece que não cabe bem na cabeça...
É, nem tudo foi sempre flores. O mundo nunca foi apenas cor de rosa.

Primeiro sutiã


3 de março de 2006.

Os mais novos talvez não se lembrem, mas a campanha da Valisère do primeiro sutiã marcou. Marcou porque retratou uma verdade e talvez porque foi lançada ainda numa época de menos liberdade. O assunto ainda era um tabu para muita gente. Marcou porque o sentimento da menina que ganha o primeiro sutiã é inesquecível e quase indescritível.
A Aline ganhou o seu. Era um desejo, apesar de seus apenas sete anos. Não ganhou da mãe, mas será inesquecível da mesma maneira. Eu, que jamais tivera uma filha, vi o brilho nos olhos. É indescritível.