quarta-feira, novembro 22, 2006

Unhas e lingerie


25 de abril de 2005.

Costumo reparar nas mãos e nos pés das mulheres. Principalmente nos pés, que admiro talvez como herança de meu pai. São lindos, sensuais, provocam a libido. Mas não são o assunto de agora...
Quando reparo nas mãos e pés, questiono, na maioria das vezes: por que o esmalte não é o mesmo? Por que se usa uma cor nas mãos e outra nos pés? É tão lindo ver os pares da mesma cor! Creio que a maioria dos homens concorda comigo.
Aliás, coisa maluca essa de esmalte. Quem inventou a arte de pintar as unhas? Fui pesquisar. Aí vai um resumo:
“De 3500 a 3100 antes de Cristo, as egípcias tingiam as unhas. A princípio com a cor preta, depois, mais claras e com tons do marrom claro ao preto com henna. No Império Romano passou-se a valorizar o polimento das unhas, que em geral era feito com materiais abrasivos.
Já na China antiga as unhas compridas eram cultuadas como sinônimo de nobreza.
Tudo começou com lacas derivadas de goma e resina natural, dissolvidas em óleo. De secagem lenta, após a evaporação a película absorvia a poeira e saía com facilidade.
Já na idade moderna, em 1800 as unhas femininas apresentavam-se curtas, moldadas a lima, levemente arredondadas. Ocasionalmente eram perfumadas com óleo vermelho e polidas com couro macio.
Em 1932 Charles e Joseph Revlon, dois irmãos americanos, mais um químico, criam o esmalte brilhente e colorido com pigmentos, para ser aplicado na unha toda. Nasce a marca Revlon e eles promovem pela primeira vez a tendência de maquiar os lábios e unhas da mesma cor."
A cor das unhas das mãos e pés deveria ser tratada como calcinha e sutiã. Esses também merecem uma combinação. É harmonia.
É sabido que os homens preferem o preto, o branco, o vermelho. Mas, se calcinha e sutiã forem da mesma cor, pode ser azul, amarelo, verde, rosa, laranja... A harmonia gera a beleza, a sensualidade.
Por que muitas mulheres não cuidam da cor?
Seja mãos e pés, seja calcinha e sutiã, é um assunto que deve receber mais atenção.
Creio que os homens pensam como eu. Creio que as mulheres desconhecem esse gosto masculino. Ou não ligam mesmo...

Traços herdados


22 de abril de 2005.

Há alguns anos, debruçado sobre fotos antigas, encontrei uma em que eu aparecia sentado numa mesa, ainda bebê, num lugar que parecia ser um quintal.
A foto era em preto e branco e foi tirada a uma meia distância.
Eu não me lembrava daquele local. Corri até onde estava minha mãe e perguntei: "Mãe, onde eu estava aqui nessa foto?" Após uma risada, ela respondeu-me: "Não é você, meu filho! Sou eu!"
Quando criança, talvez até a minha adolescência, eu sempre ouvi que eu era "a cara da minha mãe", "é a Míriam outra vez".
Cresci.
Agora adulto, sorrindo falsamente em fotos, como já escreveu Fabio Hernandez, vejo-me envelhecer com traços de meu pai. Interessante. Engraçado.
Sonhei um dia com esse envelhecimento. Acordei (no sonho) e fui olhar-me no espelho. A imagem era a do meu pai. Eu, mais velho, igual ao meu pai.
Não gostei muito. Achei que estava muito caído. “Muita pelanca”, como dizia minha avó.
O negócio é cuidar. Ainda há tempo. Meu envelhecer ainda está no início. Hoje estou apenas com 39 anos de idade.

Pente amarelo


6 de abril de 2005.

Linda! Ma-ra-vi-lho-sa! Perfumada... Pente amarelo nas mãos e usando o espelho do elevador. Charmosa. Inteiramente linda. Gostosa. Deve ser, imagino. Sei que sempre digo que a forma não tem necessariamente relação com o desempenho, mas a gente pode imaginar... Sonhar...Vá ter vizinha assim lá sei eu onde...

sábado, novembro 11, 2006

Desconexão


4 de março de 2005.

Estava só. Almoço solitário em um dos ambientes que gosto. Sol.
Muitas pessoas nas mesas, algumas na espera. Aliás, de certa hora até outra, a espera sempre se mantém com cinco a dez pessoas.
No meio de tantas pessoas destaca-se um sorriso. Como é que se consegue um rosto sempre sorrindo? Sempre! Para qualquer observador é evidente.
Em uma das mesas havia três taças de cerveja. Uma taça de cerveja combina com este ambiente. Tudo: luz, contraste, momento, e não importa qual seja o clima lá fora. Deu até vontade...
Noutra mesa quatro mulheres. Pareceu-me Sex and the City. Não sei qual era o assunto, mas o jeito todo levava à lembrança.
Hoje soube que já fui tema de uma mesa semelhante. Perigoso. Eu? Experiente. É, assim eu sinto.
A conversa ao meu lado falava de burro e ignorante. Que diferença há entre os dois... Mas confundem-se.

Reconstruindo o mundo


4 de janeiro de 2005.

O pai estava tentando ler o jornal, mas o filho pequeno não parava de perturbá-lo. Já cansado com aquilo, arrancou uma folha que mostrava o mapa do mundo, cortou-a em vários pedaços e entregou-a ao filho.

- Pronto, aí tem algo para você fazer. Eu acabo de dar-lhe um mapa do mundo e quero ver se você consegue montá-lo exatamente como é.
Voltou a ler seu jornal, sabendo que aquilo iria manter o menino ocupado pelo resto do dia. Quinze minutos depois, porém, o garoto voltou com o mapa.
- Sua mãe andou ensinando-lhe geografia? perguntou o pai, aturdido.
- Nem sei o que é isso, respondeu o menino. Acontece que, do outro lado da folha, estava o retrato de um homem. E, uma vez que eu consegui reconstruir o homem, eu também reconstruí o mundo.


Paulo Coelho