quarta-feira, novembro 22, 2006

Traços herdados


22 de abril de 2005.

Há alguns anos, debruçado sobre fotos antigas, encontrei uma em que eu aparecia sentado numa mesa, ainda bebê, num lugar que parecia ser um quintal.
A foto era em preto e branco e foi tirada a uma meia distância.
Eu não me lembrava daquele local. Corri até onde estava minha mãe e perguntei: "Mãe, onde eu estava aqui nessa foto?" Após uma risada, ela respondeu-me: "Não é você, meu filho! Sou eu!"
Quando criança, talvez até a minha adolescência, eu sempre ouvi que eu era "a cara da minha mãe", "é a Míriam outra vez".
Cresci.
Agora adulto, sorrindo falsamente em fotos, como já escreveu Fabio Hernandez, vejo-me envelhecer com traços de meu pai. Interessante. Engraçado.
Sonhei um dia com esse envelhecimento. Acordei (no sonho) e fui olhar-me no espelho. A imagem era a do meu pai. Eu, mais velho, igual ao meu pai.
Não gostei muito. Achei que estava muito caído. “Muita pelanca”, como dizia minha avó.
O negócio é cuidar. Ainda há tempo. Meu envelhecer ainda está no início. Hoje estou apenas com 39 anos de idade.