terça-feira, setembro 26, 2006

Ouço


1º de abril de 2.002.

Logo cedo, após os primeiros e obrigatórios afazeres, fiquei só. Lembrei-me que estava no primeiro dia de abril e meu primo veio à minha memória. Já se farão dez anos da sua morte. Senti saudades. Depois dessa lembrança veio a imagem do meu avô. Coincidentemente encontrei um quadro em que aparecem eu e meu tio Edu. Meu tio lembra-me muito meu avô. Percebi também que meus ouvidos estavam atentos. O quase silêncio daquela hora da manhã instigou em mim um desejo de não ir trabalhar, o desejo de ir a um parque, deitar na grama, utilizar muito o sentido da audição. Ouvir folhas balançadas pelo vento, ouvir pássaros, ouvir de longe palavras que me seriam incompreensíveis. Mas eu não podia tirar o dia, ignorar compromissos. Mais tarde, quando saí de casa, ainda permanecia com a audição atenta. Engraçado, eu nunca havia colocado esse sentido em primeiro lugar enquanto andava pela rua. Dia diferente... Momentos diferentes... Sensações diferentes...