Hora da loirinha
10 de novembro de 2005.
Em frente à casa onde eu morava havia um ponto de ônibus. Eu mesmo peguei aquele ônibus durante muito tempo. Deixava-me bem perto da faculdade e já não me lembro em quais outros destinos.Também durante alguns anos, poucos, é verdade, pegava o ônibus uma loirinha. Quando a vi pela primeira vez, da janela do sobrado, fiquei encantado. Não era linda, desbundante, não! Era graciosa, bonita, desatenta ao movimento. Sua atenção estava em seus cadernos e na chegada do ônibus. Olhei meu relógio. Era por volta de uma e meia da tarde e eu acabara de almoçar.
No dia seguinte almocei rápido. Subi correndo as escadas e fiquei por ali, meio escondido na janela. No mesmo horário ela apareceu, vinda da rua de baixo. Fiquei admirando até que a levassem.
Os dias que se passaram observaram a história se repetir: eu escondido na janela.
Minha mãe notou que alguma coisa diferente acontecia. Chegou de mansinho pelas minhas costas num certo início de tarde.
Minha mãe notou que alguma coisa diferente acontecia. Chegou de mansinho pelas minhas costas num certo início de tarde.
- O que você está fazendo aí?
Eu, todo sem graça porque enquanto perguntava já foi olhando pela janela, não tive como esconder.
- Ela é bonita mesmo - disse minha mãe. Por que não vai lá conversar com ela?
Nunca fui. Minha timidez continuou a me segurar naquele quarto da frente do sobrado. E eu apenas fiquei com aquela distante paixão à primeira vista...
Hoje tudo mudou naquela rua. Apenas a janela permanece a mesma. Até o ponto de ônibus foi parar no quarteirão de baixo.
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