quarta-feira, março 14, 2007

Pequenos mundos


11 de outubro de 2005.

Um amigo só tem um assunto: softwares. O primo deste só fala em carros.
Na academia, quando chega o Diego, o tema é Corínthians.
A sogra só fala em jogo, ou bingo, ou cartas, e nas amigas que jogam. Às vezes fala dos netos, do que um ou outro aprontou.
Outro dia a TV Globo trouxe um senhorzinho, lá do interior do Mato Grosso (eu acho que era Mato Grosso), para São Paulo e Rio. Ele, com seus mais de setenta anos, vivera sempre a mesma vida na roça e queria conhecer a cidade grande e, principalmente, o mar. Deslumbrou-se. Ao encontrar, em plena avenida Paulista, com um desses atores que fazem-se de estátuas, não acreditou que fosse gente de verdade.
Sentei num boteco para almoçar, certo dia. Ao meu lado, três garotos. Eu não entendia nada do que falavam. Com o tempo, achei que o assunto fosse algum game, jogado numa das lan-houses de São Paulo.
Pois é assim. Penso que cada pessoa vive com seu mundo. Cada um parece ter seu pequeno mundo. O de alguns é muito pequeno, o de outros, maior um pouco.Muitas pessoas fazem questão de usar ante-olhos. Não querem enxergar além de um certo limite. Basta-lhes seu próprio horizonte.
Ontem falamos disso por um pouco, eu e uns amigos. Um deles, fazendo graça, perguntou: "E o meu, qual é o meu mundo?" Eu respondi que talvez fosse um picadeiro. É só palhaçada, o tempo todo. Será que nem um minuto pode ser mais sério?
Fiquei pensando no meu. Não somente em qual é o meu, mas no tamanho que ele tem. Até onde vai meu horizonte?
Por que a maioria das pessoas fica estacionada? Comodismo? Falta de interesse? Por que os horizontes não se ampliam?
E os dias passam. A vida vai ficando sempre aquela mesma vidinha... Que monótono!